Z U M B I
A força orgulhosa da raça
oprimida,
brilha sob a pele
crivada de luz!
O brilho guerreiro
dos olhos felinos,
afronta a ameaça
do chumbo mortal.
Não o amedronta
da eternidade, a escuridão...
a escravidão, d’alma,
não é a morte?!
Não treme
nem corre,
quando vis covardes
com pele de bravos
a alma
transpassam-lhe!
Sentindo esvair-se,
em vermelhos jorros
quentes, abundantes,
ensopando o chão,
a vida tão cara
única
sem preço...
Seu grito de guerra
retumba nos ares,
ouve-o Palmares:
___”Matar-me, sim, podem...
escravizar-me? JAMAIS!”
O verde da flora
de rubro se tinge.
Da água o cristal
ganha a cor do sangue...
Qual arco de ébano
curva-se o braço
lançando no ar
o cetro real.
Alada,
veloz,
ergue-se nos céus
a lança sagrada
do negro liberto.
Não assusta ao forte
da morte o poder!
Cai por terra o REI!
HOMEM, nunca escravo,
enfrentando à morte
como um dragão.
Do chão irrigado,
por sangue tão nobre
soberba germina
a ABOLIÇÃO!