Pensamentos soltos
Algumas pessoas querem nos fazer crer que para pensar, nos mulheres precisamos abdicar do amor, como se o amor fosse com cancro infeccioso que afetasse essa rede de neurônios que dá sustentação ao pensamento e fazer as duas coisas não fosse possível. Ora, ora, o que seria do dito humano sem o sustentáculo do amor? Não foi do amor que nascemos? Não é para o amor que somos feitos? Não foi graças ao amor que ganhamos força, coragem para nos erguermos como senhoras de nós mesmas? E quando se fala de amor, não se abre um leque enorme de possibilidades, todas com o "rótulo" de amor? O próprio Nietzsche, o maior filósofo de todos os tempos falou de amor com tanta propriedade em vários momentos nos seus livros. Isso é uma prova de que filosofar e amar não são coisas dissociáveis.
Será que é o machismo que nos impõe a condição de que mulheres só respiram na atmosfera do amor, ou somos nós mesmas que não nos sentimos seguras o suficientes para atuar em todas as esferas do cognitivo?
Para ser uma pensadora eu não preciso abrir mão de ser mãe, mulher, amante, profissional ou qualquer outra "função" biológica, sociológica, psicológica e quaisquer outras "lógicas" destinadas à mulher.
Sempre achei pobreza intelectual, fraqueza emocional colar no peito o estandarde oco de niilista e olhar para o ser humano como uma "coisa" meramente biológica, um amontoado de neurônios, células e neurotransmissores.
Não somos só isso! Somos um corpo biológico habitado por uma alma e como tal somos regidos por sentimentos e emoções.
E digo mais, de que adianta ter lido todos os livros de Nietzsche, Sartre, Schopenhauer, Dostoiévski e tantos outros, se você não sabe lidar com questões que envolvam o amor; se você não sabe administrar seus sentimentos e as inquietações advindas dele.
Para mim, a pessoa que filosofa com maestria e não tem domínio sobre suas emoções e sentimentos é apenas um ser pela metade. Jamais na minha vida eu quero ter a limitação dos que não sentem, dos que só filosofam e jogam no dia a dia a poeira venenosa da sua intelectualidade mórbida. Sou mulher, amo, penso, e não tenho medo do amor, porque amor é o ar que nutre a própria filosofia que me sustenta.