TARDE(esperando a manhã)
Tarde. Um gesto de saudade nas mãos e a vida sem palavras
destruindo o dia de ontem. Na paisagem, angústias e sofrimentos(
amanhecer distante escondendo sua eternidade).
A tarde é pagã sorrindo pelos ausentes, pelos cansados, pe-
los tristes e ficando imensa em nossas cabeças, desunindo as nos-
sas certezas.
Compreender, sobreviver, ouvir os sons do domingo e silenciar
quando a certeza brotar. Se fará a noite e então nossos olhos se-
rão vedados por mãos assassinas.
Tarde. Atrasando as estrelas e o azul(não morre a esperan-
ça de que apareçam).
Tarde. A fome nas calçadas, o hoje que não morre, que insis-
te feroz sem anunciar, sem ensinar o sonho.
Esperamos.
Noite.
Madrugada.
Manhã.
(Quando as mãos pegarão na eternidade e evitarão que ela
seja transcendental.