TARDE(esperando a manhã)

Tarde. Um gesto de saudade nas mãos e a vida sem palavras

destruindo o dia de ontem. Na paisagem, angústias e sofrimentos(

amanhecer distante escondendo sua eternidade).

A tarde é pagã sorrindo pelos ausentes, pelos cansados, pe-

los tristes e ficando imensa em nossas cabeças, desunindo as nos-

sas certezas.

Compreender, sobreviver, ouvir os sons do domingo e silenciar

quando a certeza brotar. Se fará a noite e então nossos olhos se-

rão vedados por mãos assassinas.

Tarde. Atrasando as estrelas e o azul(não morre a esperan-

ça de que apareçam).

Tarde. A fome nas calçadas, o hoje que não morre, que insis-

te feroz sem anunciar, sem ensinar o sonho.

Esperamos.

Noite.

Madrugada.

Manhã.

(Quando as mãos pegarão na eternidade e evitarão que ela

seja transcendental.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 02/08/2007
Reeditado em 10/06/2024
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