Espelhos (Versão Segunda)
Espelhos da sonolência, hipnóticos, falsários quebrados,
que refletiram o sol e esqueceram a lua;
não foi culpa de vocês, é que fecharam a janela à noite.
Espelhos d’água que molham os olhos tristes e faz naufragar Patrícia;
Espelhos de giz, desenhados, inanimados,
inventados no reflexo da verdade, na sombra da maldade;
e os espelhos verdadeiros?
Intermediários de quem tenta admirar-se, fazer-se diferente,
cúmplice de transparência abusiva e depravadora;
às vezes atraente, excitante,
de olhares que perseguem a nudez e sem tocá-la, ferem-na, desejam-na
e vós espelhos, não podem reclamar e nada podem fazer,
senão refletir ou quebrar-se: fazer-se cacos e ferir,
refletindo pedaços de gente.