Espelhos (Versão Segunda)

Espelhos da sonolência, hipnóticos, falsários quebrados,

que refletiram o sol e esqueceram a lua;

não foi culpa de vocês, é que fecharam a janela à noite.

Espelhos d’água que molham os olhos tristes e faz naufragar Patrícia;

Espelhos de giz, desenhados, inanimados,

inventados no reflexo da verdade, na sombra da maldade;

e os espelhos verdadeiros?

Intermediários de quem tenta admirar-se, fazer-se diferente,

cúmplice de transparência abusiva e depravadora;

às vezes atraente, excitante,

de olhares que perseguem a nudez e sem tocá-la, ferem-na, desejam-na

e vós espelhos, não podem reclamar e nada podem fazer,

senão refletir ou quebrar-se: fazer-se cacos e ferir,

refletindo pedaços de gente.

Takinho
Enviado por Takinho em 25/01/2017
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T5892412
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