São Paulo, São Paulo
Seu mecanismo é demais pra mim
É uma simbiose de atração e medo;
Sua violência banalizada me entristece
Como o cinza dos teus muros;
da cor do teu asfalto,
O teu trânsito sem fluidez e caótico me aborrece
És desutópica e irracional como o traçado de tuas ruas e a deficiências de teus equipamentos públicos,
Parece nunca acabar de explorar o horizonte sonhado
O que se esconde na transparência de tuas fachadas, paredes e tetos de vidro?
És ambígua como a ambiguidade desse material,
Está entre a proximidade e o afastamento,
A Pureza e ascese;
Estação da Luz, Freguesia do Ò, Anhangabaú;
Para tuas calçadas e passeios convergem destinos individuais e coletivos
Na 25 de Março és uma só;
Das montras de tuas lojas na Faria Lima passam flâneurs e a turba deslumbrada com as lojas de alto luxo;
E a tua gente com aquele sotaque meio urbano meio caipira que lembra a época de sua fundação, quando era Piratininga e sustentava-se a base de farinha de pau e angu;
Ou quando eras uma quatrocentona afoita querendo deixar para trás seu passado de província,
Em frenética expansão e dispersa num solo urbano cada vez mais extenso,
Ainda assim eu te desejo mesmo sendo indiferente e estranha a mim;
Na Praça da Freguesia da Sé lembro-me que és São Paulo
A mescla de um Brasil passado, presente, futuro
Revelado nas ruinas do Colégio, na violência de tuas ruas, e nas pontas ogivais de teus arranha-céus,
Babel de tantos povos
Porto (in) seguro
Parece que se negas a reconciliar com teus habitantes;
É um nó intrincado ondes todos estão atados a essa malha gigantesca e complexa, nesse aglomerado de milhões de seres visíveis e invisíveis,
Num enredo geográfico, trágico e cruel,
Trabalho, trabalho, teu nome é tripalium;
Ah São Paulo ainda não te conheço o bastante e tu me assusta;
E quem não se assustaria?
Com teus paredões querendo se lançar do chão ao céu
E o alarido de tuas ruas;
O risco a todo instante;
As estátuas humanas, penhasco da América do Sul,
Em meio a um céu negro de onde desabam pingos sulfurosos e melancólicos que caem por sobre suas avenidas abarrotadas de automóveis,
A deixar no ar um cheiro nauseabundo
Das tuas esquinas, os vendedores no farol, os neons, o soar aflito das sirenes de carros de polícia;
És a metáfora maior de nós mesmos
Ah São Paulo a garoa já lhe é distante;
Ainda assim me encantei por ti
Metido em tuas entranhas me sentia um estranho
No Largo de São Bento pude ver a tua inocência a muito perdida;
Em meio a tuas misérias e grandezas senti a tua face ainda pueril
São Paulo que do teu caos surja outra metáfora de cidade
Onde o coração possa pulsar sob o concreto;
(em construção)
Seu mecanismo é demais pra mim
É uma simbiose de atração e medo;
Sua violência banalizada me entristece
Como o cinza dos teus muros;
da cor do teu asfalto,
O teu trânsito sem fluidez e caótico me aborrece
És desutópica e irracional como o traçado de tuas ruas e a deficiências de teus equipamentos públicos,
Parece nunca acabar de explorar o horizonte sonhado
O que se esconde na transparência de tuas fachadas, paredes e tetos de vidro?
És ambígua como a ambiguidade desse material,
Está entre a proximidade e o afastamento,
A Pureza e ascese;
Estação da Luz, Freguesia do Ò, Anhangabaú;
Para tuas calçadas e passeios convergem destinos individuais e coletivos
Na 25 de Março és uma só;
Das montras de tuas lojas na Faria Lima passam flâneurs e a turba deslumbrada com as lojas de alto luxo;
E a tua gente com aquele sotaque meio urbano meio caipira que lembra a época de sua fundação, quando era Piratininga e sustentava-se a base de farinha de pau e angu;
Ou quando eras uma quatrocentona afoita querendo deixar para trás seu passado de província,
Em frenética expansão e dispersa num solo urbano cada vez mais extenso,
Ainda assim eu te desejo mesmo sendo indiferente e estranha a mim;
Na Praça da Freguesia da Sé lembro-me que és São Paulo
A mescla de um Brasil passado, presente, futuro
Revelado nas ruinas do Colégio, na violência de tuas ruas, e nas pontas ogivais de teus arranha-céus,
Babel de tantos povos
Porto (in) seguro
Parece que se negas a reconciliar com teus habitantes;
É um nó intrincado ondes todos estão atados a essa malha gigantesca e complexa, nesse aglomerado de milhões de seres visíveis e invisíveis,
Num enredo geográfico, trágico e cruel,
Trabalho, trabalho, teu nome é tripalium;
Ah São Paulo ainda não te conheço o bastante e tu me assusta;
E quem não se assustaria?
Com teus paredões querendo se lançar do chão ao céu
E o alarido de tuas ruas;
O risco a todo instante;
As estátuas humanas, penhasco da América do Sul,
Em meio a um céu negro de onde desabam pingos sulfurosos e melancólicos que caem por sobre suas avenidas abarrotadas de automóveis,
A deixar no ar um cheiro nauseabundo
Das tuas esquinas, os vendedores no farol, os neons, o soar aflito das sirenes de carros de polícia;
És a metáfora maior de nós mesmos
Ah São Paulo a garoa já lhe é distante;
Ainda assim me encantei por ti
Metido em tuas entranhas me sentia um estranho
No Largo de São Bento pude ver a tua inocência a muito perdida;
Em meio a tuas misérias e grandezas senti a tua face ainda pueril
São Paulo que do teu caos surja outra metáfora de cidade
Onde o coração possa pulsar sob o concreto;
(em construção)