Vida
Às vezes, olhando o passado
Penso que não tive tempo de viver
Em alguns momentos,
Penso que não vivi
Só trabalhei;
Não, não andei
Para dar conta de tudo, eu corri
Em muitas, me desdobrei
Eram tantas as tarefas
Não havia tempo para pensar
Não havia tempo para lazer
Muitos papéis a desempenhar
Todos os dias, na escola,
Minha filha, levava
E era uma alegria,
Ver aquela guria,
tantas coisas aprendendo,
Com ela, eu muito aprendi.
Tão novinha e exigente
Alimentos saudáveis,
Direção consciente,
Economia de água e energia,
Cuidados com o ambiente.
Com cuidado e carinho,
Seus lanchinhos naturais
Eu preparava.
Nas reuniões de pais,
eu estava sempre presente
Acompanhei de perto,
Cada conquista e evolução.
A noite, eu cantava
Lindas canções de ninar,
Havia os contos de fada
Para contar e muitos contei.
Às vezes, as histórias eu inventava
Os três porquinhos, muitas vezes eu li
Se eu mudava uma linha,
Querendo a história enfeitar
Ela, rapidinho, me corrigia e
pedia para eu recontar
Às vezes, nas noites frias e escuras
Havia monstrinhos no quarto
e eu tinha que espantar
Mercado, tanque e fogão
Comidinhas para fazer
Roupas para lavar, de montão
No outro dia, passar, coser
E ainda cozer, assar bolo e pão
Era a vida passando, escorrendo
Entre os dedos da mão
Não, não me arrependo,
De nenhuma renúncia ou privação
Pois bem cedo, os louros colhi
E ainda estou colhendo
Se a vida é mesmo assim
Então, eu vivi
E ainda estou vivendo...
A cada dia, uma nova alegria
Uma nova emoção...