Instante sem tempo
Para onde foi-me o valor da razão? Suas tábuas pesadas de valores sob o jugo de um “tu deves” moral, já não me controlam, mas habitam em mim como pinceis de arte. O bem e o mal, para ondem foram? O mundo tornou-se infinito, o horizonte foi apagado – apaguei-me? Onde estou? Não vejo-me senão por excesso de cores, vejo eu dentro de mim como um mar de vida chamado mundo externo. O mundo se liquefez, os pensamentos se tornaram água e tiraram-me o próprio chão. Quando foi que houve chão? Terá sido ilusão - a verdade uma grande ilusão?!
O tempo parece que parou por aqui, mas tudo continua acontecendo.
Cai, como que do eterno da vida, gotas de felicidade nos meus lábios; é uma alegria que não nega a tristeza, pelo contrário, afirma, bela como a rosa e seus espinhos, branda e violenta como uma mãe com seu filho.
Claro, só podia ser a vida que passa por mim neste instante sem tempo.