Um sinal

É lentamente que sinto o calor brando ocupar mansamente cada camada constituinte do meu corpo. Ora arrefece - para a sorte de meus pulmões -, ora um turbilhão atinge as entranhas e, sem ar, sem calma - prazer e discórdia, dor e conforto - perco o controle dos dedos, das pernas, da automática circulação do sangue; perco o controle do calmo e habitual palpitar do meu coração (cujo costume é manter o ritmo, sem interrupções).

Não quero calma: minhas células têm particular preferência pelo deleite de um caos cômodo e silencioso. O cenário do sentir só não é mais rico e pomposo que o da racionalidade, o qual traz à tona o reconhecimento de padrões. Eu amo. Amo, logo há em mim uma tempestade passageira, em que a cadência da ventania desestabiliza a frequência da minha rotineira existência.