Ouvi falar de um homem sábio
Ouvi falar de um homem sábio – filósofo e matemático. Ele defendia que os homens, movidos por paixões egoístas e insanas, deviam ser dominados. O domínio estaria ao cargo de um governante que, mesmo sendo apenas humano, por alguma razão, seria "iluminado". O sábio morreu. Viveu 91 anos e nunca foi apresentado a esse homem bem-dotado capaz de estabelecer o contrato, sem corrupções e enganos.
Ouvi falar de um homem sábio – e que de profeta tinha um pouco! Ele apregoava o fim do principal sistema econômico que começava a dominar o mundo todo. O sistema chegou ao fim, mas foi o fim de mais um estágio, moldou o futuro à sua mercê e continua inalterável. O homem sábio morreu e teve um fim miserável.
Ouvi falar de homem sábio – que viveu menos de 80 anos – mas foi capaz de conhecer o passado e afirmar as origens evolutivas do ser humano. Todavia, o coração do homem sábio, como um relógio, foi projetado. Bombeava sangue para os pulmões e por tempo determinado. O órgão não evoluiu devido a velhice e o desgaste. O sábio homem morreu. Morreu de enfarto.
Ouvi falar de um homem sábio – que de mistérios entendia – fez da Práxis filosofia e disse que a realidade não mudava só com hipóteses e teorias. O sábio morreu, a realidade mudou e o mundo foi transformado provando que havia alguma razão nesta hipótese do homem sábio.
Ouvi falar também de um homem simples – pobre e sem estudos – que acreditava em um Deus bom e infinito que fez o mundo. Este homem teve sete filhos e foram todos bem-criados. Dentre eles, formou-se engenheiro, médico e advogado. O homem simples morreu, mas não ficou no passado. Escreveu na vida dos filhos a sua história e transformou gerações com o seu legado.