O Momento Que Diz Mais
Quando as águas acalmam, levando o corpo ao silêncio indiferenciado, no recanto, resta o olho que indica a figura e os anexos, que apresentam como sendo a monta do que diz ser “Eu”. A exaustão de estar no ar limitado dos tempos se apresenta, e junto, o presságio de paz dos lugares longínquos da qual intui ao “Eu” ter vivido e partido, como amante que foi e manda notícia. E o instante se estabelece, pede parada.
Surgem portais e maçanetas, prontos para serem abertos, denunciando fazer parte de contextos recheados de recepção e boas vindas. O corpo pesa, cheio de céu e inferno, pecado e salvação, gosto e amargo, bonança e miséria, luz e sombra, feminino e masculino...não vê ímpeto, somente o gemido e o lamuriar do instinto inferior ruminando mais...mais...mais... amor, amizade, teto, colo, proteção, sobrevivência...mesmo sabendo do " para que" tanta exigência, num trajeto de curto período que é a existência.
A delicadeza do momento pede ir ao encontro do estado que grita ser revelado na sua inteireza, o alto sugere ser o ideal, mas o tempo com sua avalanche de opções condicionadas chama para o atuar.
E no silêncio que diz não dizendo, há o permanecer de mais um pouquinho, até que a borboleta azul entra no ambiente aterrissando na palma da mão.