AS APARIÇÕES

costumo andar

pelos cômodos da casa,

com a aparência

de alma abstraída;

bem perto de mim,

pousa uma alma amiga,

sem asa,

com o sorriso

de quem se apraz

com agradável lida.

é que,

quando as pessoas

da casa saem

e eu fico só,

sem ter algo pra fazer

na rua,

então, outras pessoas

chegam do além,

e me distraem;

e eu me sinto bem

num mundo que não

me é estranho, embora

no momento,

não esteja nele, pelo

incômodo do cárcere

carnal.

algo inusitado

ocorreria: se alguém

ao acaso batesse

na porta,

e fosse uma pessoa

conhecida; e entrasse,

antes que pudesse

abri-la, iria se deparar

comigo falando sozinho;

e logo

perguntaria pelas

pessoas da casa;

e eu lhe diria que não

tinha ninguém

além de mim;

e ela, extasiada,

me indagaria de novo:

quando eu entrei

o senhor parecia falar

com alguém,

só que não vejo ninguém;

com quem, nesse caso,

o senhor falava?

Eu, naturalmente,

lhe responderia:

se a senhora não vê

ninguém, eu vejo;

e é com elas que converso;

com quem, insistiu

ela, se não vejo ninguém?

E eu,

lhe ostentando um largo

sorriso, diria:

com almas do outro mundo,

minhas fiéis

amiguinhas do além.

Daí, ela, certamente,

ignara em alguns

assuntos espiritualistas,

sairia assombrada

da casa; e daquele dia

em diante,

não mais voltaria

a visitar os seus

amigos/vizinhos

de priscas eras...

Escritor Adilson Fontoura

e-mail: aafontoura@hotmail.com.br

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 18/01/2017
Código do texto: T5885641
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