AS DESILUSÕES DO JOVEM EDWARDS

Amor e indulgência começam a predominar no seu coração? Faltam as candidatas à vaga em aberto. Será que virão?

Eduardo tem 22 anos. Encontra-se no limiar do que se pode dizer que é a idade adulta. No limiar inferior. E deixa, com mais um salto sobre um montículo, a adolescência, essa infância amarga. Seu ímpeto volta agora a arder após um longo degelo. Ele realmente gostaria de empreender essas energias que lhe sobram em algo mais que trabalho, poesia, porres e planos. Isso significa a inclinação para a conquista. E ao voraz, basta o alimento. Nem precisa ser cozido. Ao fundador de uma nova nação, não se é certo falar do luxo chamado escolha. A aridez do Himalaia, prados verdíssimos, uma flora exuberante sem solo firme? Ou quiçá aquele chão eterno apesar de rachado? O homem não escolhe local nem clima. Inóspito é só “onde não havia homens ainda”. Nenhum lugar passa em branco, sem ver vidas brotarem, se desenvolverem e serem, na acepção crua da palavra, aquele ambiente. Pois bem: Eduardo chegou a um impasse provisório. Nada de bem-estar, mas sim algo de temeridade, na escolha: o porto um ou o porto dois. A mulher que ele quer contemplar na doce idade do pecado e do erro, ou a firmeza de espírito. Não haverá encanto sobrenatural na segunda, a não ser o encanto de saber que amortecer os encantos é também um encanto, talvez o senhor dos encantos!

O que poderá valer mais? Uma vida com Gabriela, 15 anos, ou o futuro devotado a esta mulher de primavera para outono de 30, Isadora? Sente que vai explodir de paixão por uma das duas a qualquer momento e sente, prenuncia, o derramar das antagonistas, embora o jeito que uma entorne seja absolutamente pacífico e irretocável, um verdadeiro chá das cinco, frente ao outro, tão violento, sacolejante, animado, invejável, imprudente, que espirra lava pelas imediações e até para além delas. O jeito como entornam a água da cumplicidade. O que ele quer? Que tipo de banho Eduardo almeja? Poderia ser que haja essências a desmascarar?

Gabriela precisa de proteção. Chora quando a mãe a fustiga, seja por falta de amor-próprio ou por falar demais no telefone. Chora com a menstruação. Chora com as cólicas, mas tem sede de aprender. De aprender que na vida há muito mais pelo que sofrer. Quase uma filha, sete anos mais jovem. Quando for petulante será bem mais má que qualquer mulher mais velha – inocentemente, é claro. Ainda possui aquela pele escorregadia que pode trombar – o que digo? – com outros pênis, outros braços, outros beiços, outro bafo. Crê que poderia ser assim por mais 1000 anos, sem desgastar sua virgem beleza. O ruim e cansativo na maldade é que ela nos torna assaz bons! É só olhar Isadora! Aprendeu, aprendeu e não pode voltar a ser o que era – e se Eduardo escolhesse Gabriela, escolheria Isadora por tabela. Pagaria toda a fortuna do mundo pelos momentos, pelas efusões mais breves, pelo espetáculo do princípio, a demonstração da gênese, a verificação da beleza mais casual e lívida, coisa autodestrutiva e tão pequenina? Será que vale a pena? A vida vale o ano? O ano não vale a vida, seria fácil demais...

E então, Eduardo quer já o correto ou ainda repisar nos erros? Acho que enquanto puder, ele vai procurar a menina onde puder, mesmo onde já não estiver...

Repisar nos erros é o certo. Isadora não vingou. Virou Poliana e depois Nathália. Nathália era Gabriela. Hoje Gabriela é mais “Rebeca”, nome forte esse, de batalhadora, que não se furta à oportunidade da vanglória. Ou Glória, de duros bastidores, pernas grossas, mas no fundo... Gabriela não é mais Isadora, agora, do que Isadora foi um dia? Não, não chora.

Marina, nome híbrido. Mulher-menina. Menina sabida. Mente, está acima! Dengo de Flamengo. Nina, Nana neném. Tessália, de saia, é a Renata que acertou de primeira...

ímã mar imagemalgemar

amalgamar a margem

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Candura ou postura?

Cabisbaixo ou de somenos?

Democrata ou patriarca?

Devagar ou depressa?

Responsabilidade ou co-autoria?

Fria ou debaixo das cobertas ela ainda ardia?

Proibido e escondido ou só apartado, alojado, reservado?

Faz-de-conta ou pega-fogo? Incendiário!

O que faz um homem que não aprendeu a amar a vida toda?