Leia devagar, desvio a seguir
Lá estavam
Marcações, sinais, pegadas
A velha estrada com suas simplificações
Eu estava só (Que nada!)
A planejar minhas ramificações
(Que não pediram para ser planejadas)
Cansei dos cenários cenográficos
Da mentira arraigada, da pura fachada
Munido de registros monocromáticos
E com o pouco que me restava, bati em retirada
Optei pelo lado esquerdo de pulsar estranho...
Sinceramente: caí pra este lado torto que me seduziu
Deste lado vislumbrei cor e campo sem tamanho
Este lugar onde a sã consciência não ousa ir, me atraiu
Um lugar familiar sombremodo lúdico
Onde apenas dei dois passos e jurava haver corrido
Ao me sentir livremente só longe do público
Tropecei em mim, pra minha surpresa fui surpreendido
Um eu odioso que vestia laranja
Sua voz me irritava e seu labor me dava agonia
Mas como quem uma força distinta esbanja
Seu insistente caminhar aconchego me trazia
Meus pés sentiam cada pedra que estrada jogou de lado
Meus olhos viam espinhos cruéis a sufocar flores desconhecidas
Assim, percebi a diferença entre inexplorado e desabitado
Enquanto via o cruzar coincidente de algumas VIas pareciDAS
Viagem irresistível imersa em uma sutil neblina
Deixava a visão turva à distância, instigava a ir mais longe
A cada passo uma velha descoberta e uma dose de adrenalina
No foco involuntário onde a minha verdadeira face se esconde
Me achei um pouco acima, pois podia ver a estrada
Ouvia gritos e gargalhadas, vozes que nada diziam
Pensei que poderia ser a distância de onde eu estava
Mas concluí que era distinto seu idioma e muito do que faziam
Depois de muitas idas e cruzamentos
Já não era sem tempo, cheguei ao ponto final
Junto aos que vi na estrada e no campo a todo momento
O destino de quase todos era idêntico
Mas ao meu ângulo, nos detalhes e no tempo
Ninguém possuiu um igual.