Lesma

Acordo muito lenta para os processos vitais. O dia demora a acontecer sob meus olhos fechados. Afinadas, minhas mãos pousam sob os olhos para mudar o tom do escuro. Vejo o escuro iluminado de si. Vejo o breu. De repente, num desses cruzamentos imaginários, perigosos como só o viver, um homem me salva de qualquer descompasso me chamando de lesma, me emoluscando de vez na subclasse dos pulmonados e me deixando nessa umidade habitual que me habita, na pequena concha que me guarda sob um manto, assim, ivaginando as gotas de cada palavra com que meu corpo tinge as pedras por onde eu lesmo.