O ESTRANHO, A NUVEM E O TEMPO

Ela vinha a se perguntar porque nunca entendera o todo que só passa.

E no estranho que passava, mais uma vez, tentou se aquietar.

Perguntou-lhe da sua estranheza em verso, porque lhe parecia mais preciso encontrar respostas na estranha beleza do todo.

O estranho, na perene estranheza que trazia, sequer lhe olhou de lado.

Estranhos nunca se reconhecem...

Seguiu, então, na sua impressão passageira de ser apenas ela para todo o sempre.

Como sempre olhava, olhou para cima e indagou à nuvem exuberante por que também só seguia...se toda poesia urgia por sempre ficar.

O nada lhe foi mais uma resposta passageira, qual a do tudo que esvanece em silêncio.

Por último, algo desacautelada como nunca convém se ser, pediu socorro à estranheza do tempo.

Ilusão...essa de acreditar se ser atemporal.

Foi quando obteve a mais temida resposta: o todo é sempre conivente com a própria passagem, tal qual a doce impressão de existir.

Entendeu.

O estranho- mero passante-apenas passou estranhamente e a nuvem-mesmo tão real e agigantada!- se esvaneceu como se nada houvesse existido.

O tempo, sempre incólume e insensível, apenas acelerou seu passo.