O Que Tornou Estabelecido

Não saberia se conseguiria ser outra, mesmo o melhor daquilo que fui um dia. Daqui, posso ver sem tato e nem desespero as rugas que num futuro próximo passarão existir na pele, denunciarao o despontar do fim. Estar por entre gorduras a mais e cabelos brancos insistindo no despontar, mesmo assim sentir que não ouço um ruído sequer de desconforto.

Se houve acomodação ou sentimento parecido, mesmo que traduzido como cansaço, espírito subjugado às intempéries, que como cascata imobilizaram as expectativas, ofereço cor dizendo que passei acreditar no azedo que morfou no doce.

O novo, como num pacote pronto do pior e melhor que não imaginava viver, trouxe a calmaria das emoções no final de tarde. Quando olho para o horizonte ao final do dia, vejo o imperioso sol ser encoberto pela linha limítrofe do globo terrestre, e nessa experiência repetitiva e aparentemente simples, recepcionar a sensação de que a vida caminha como se devia.

No interior, pedem despedida as emoções ligadas às inseguranças e desejos do ter, onde a escravidão da busca era de uma intensidade que levava a exaustão do espírito, se via um pé na solução e outro na impossibilidade do alcance. No agora, a vontade veleja conforme a luz irradia no presente, sem nada exigir a mais nem a menos do ideal para o coração e mente atuar sem grandes expectativas.

Não saberia se conseguiria ser outra.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 10/01/2017
Reeditado em 11/01/2017
Código do texto: T5878016
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.