INDOLOR...
Tua semente plantada
na terra fértil... oásis desse meu ventre
não é mais semente, é protótipo de árvore
frutífera, frondosa, florida...
desde o último novolunio... em que pude sonhar entre teus braços...
Ambos “escondidos” sob o manto de Luna em sua fase silenciosa!
Faz um tempo, eu sei... parece que foi ontem, mas não foi...
Por noites contínuas... te chamei, te busquei... em agonia...
e o silêncio de tuas respostas ressoou muitas luas
em meu coração, machucando, mutilando a visão que eu tinha da fé!
Tirou-me a brisa e implantou em meus ouvidos
ecos de vendavais... trovejar de tempestades...
a me ensurdecer, por instantes que mais pareciam séculos!
Até que cai e afundei num mar tenebroso
sendo engolfada pela dor... naufraguei sob a força
da saudade que desfigurou minha face,
e torceu meu lábio ao me obrigar a sorver
o fel contido no cálice de absinto!
O amargor ferveu em minhas entranhas até que
sublimei toda a dor...
Hoje nada ouço senão guizos natalinos...
nada vejo além de conchas e búzios...
e gaivotas à beira-mar...
Sei que voltarás... uma parte importante de ti
vive em mim... percebo que alguém me abandonou...
a solidão se foi, já não estou só...
Um anjo cresce em minhas entranhas...
Se tem asas? Isso não sei... ainda...
Mas, de antemão te confesso que se foi o tempo em que
acreditei em penas, além das que trazia n'Alma!
Reaprendi a solfejar canções de ninar...
embalando o berço...
queimando alfazema, passeando ao nascer do sol...
e entoando o Angellus ao entardecer...
Vez por outra ainda ouço tua voz de ventania
segredar em meu ouvido:
_____"Ich warte auf dich... am Ende der Nacht"
Sorrio e recomeço a cantar... sei que é a brisa e não tu
a quem continuo amando assimetricamente... mas, de forma indolor!!!