ODALISCA

ODALISCA

Sonho de mil e uma noites, ela vem depois de sete véus – translúcida beleza! Fascínio!

Seu brinco abraça a orelha, mas nela não se detém; seu colar envolve o pescoço e desce ao meridiano dos seios; seu bracelete desenha meias-voltas no braço e segue, serpentino, ao ombro e à mão... Todo adereço se faz lascivo apelo à sedução de seus contornos. Desejo!

Haste de flor arqueada pelo beijo do vento é meneio do corpo dessa mulher – recatado volteio rosado que antecede o ávido arremate do bárbaro espasmo de desejo escarlate! E toda ação prefigura encanto, e o coração dispara ao ritmo das vibrações, e cada gesto alardeia a paixão do seu corpo oscilante ao sopro forte dos anseios. Despudor!

As mãos bailam em torvelinho percorrendo geografias de carne e de curvas, em rodopio frenético que expõe e exalta o eterno feminino. Flagrante do voo do último véu lançado para longe é seu corpo que pouco mais esconde... Tentação!

Eis que ela se oferece em fulgurante visão! Luxúria!

Agora domínio e submissão regem o homem junto a mulher desdobrando-se em prazeres, em reentrâncias de sedução, em ressonâncias de gemidos, numa sucessão de felinas ondulações no frêmito das formas, nas contrações de ríctus que extravasam sensações tumultuadas nas correntezas estertorantes de prazer que explode em agudo grito! Êxtase!

Enleio... Enlevo... Torpor...