cria cuervos

Venham ver  da sala de estar, ou nos quartos,   a nossa tragédia
Venha ver o sangue escorrer sem compaixão e piedade,
Venham ver, o sangue instalado em nossa sala de estar moderna
Venha ver as cabeças expostas, cortadas, venham ver se tiver sangue frio
Nessa anti-civilização sem requinte e da barbárie
Venham assistir esse espetáculo grotesco
Venham ver
Venham ver
preservem seus filhos dessas cenas, não lhes roube a inocência e o sonho
Venham ver a
brutalidade  
Venham ver como a selvageria age

Nosso canibais estão a postos
venha classe média, venha rico, venham pobres, venham ver
Venham ver nossos batalhões de garotos do Isis
Os nossos corta-cabeças
nesse circo de horrores
Venham ver reparem como decapitam
Como os  condenados condenam 
Venham ver o massacre com a conivência de todo o sistema
Venham ver
O sangue  escorrer  de nossas masmorras
Saiam do silêncio conivente venham ver se tiver coragem
Venham ver
Venham ver
Venha ver essa metáfora crua desse maldito país eviscerado

Venham ver a degola pós-moderna
(é a mesma que se fazia na pré-história
ou na idade média ou na Guerra do Paraguai ou no massacre de  Canudos)
Venham ver oprimidos a massacrar  oprimidos,
venham ver como se degola um ser-humano
venha ver nossa descida aos  infernos 
Venham ver se tiver coragem
Vem ver os peitos abertos
como  porcos expostos nessa vitrine Brasil
Venham ver cadáveres carbonizados,  cabeças, troncos, membros,  pés,  cus dilacerados,  venham ver a aplicação útil  e prática da  nossa Lei de Execuções Penais
venham ver por que ralo escorre os bilhões gastos 

venham ver a fúria ensandecida
e o sorriso cínico das autoridades,  o silêncio cínico de parte da sociedade
e a euforia dos que massacram
das facções de morte,
Venham ver, os coágulos de sangue
o total desprezo a dignidade e a vida humana,
bem vindos, não há mais inocência, a linha tênue foi ultrapassada
Venham ver
Venham ver
Se tiver coragem
Venham ver
se tiver sangue frio
Venham ver, é de verdade
Venham ver
Venham ver
O massacre
Venham ver o massacre!
tirem as crianças da sala, preserve sua inocência,

veja como se  mata e como se morre
na  celebração da barbárie
Venham ver na vitrine corações, tripas, vísceras, como a metáfora desse país sanguinário
De quem é a culpa, de quem é a culpa?
é de todos é de ninguém!
E foi, é  e será sempre assim 
O sangue jorra, a  procura de quem lhe dê algum sentido
será que ainda somos capazes de nos indignarmos com nossa indigência? 
Satã, ó Satã, já que os deuses nos abandonaram,

Tu que és o príncipe das trevas 
e habitas os lugares mais baixos
tens ao menos dó de nossa pequenez e  miséria!
 

   

 
Labareda
Enviado por Labareda em 07/01/2017
Reeditado em 20/02/2017
Código do texto: T5874546
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