A Visita

Vive aqui dentro amor e vontade, não saberia dizer como acontece e o porque do que se passa.

É um desarranjo que pede monta, faz o ser ficar dependurado nele. Uso as despontas como balanço, tudo quer ter sentido! Pedem ordenação, enquanto não esmiúço, o significado não chega.

Aproximo a mente quando o contexto pede até a base dos orifícios do nariz e ponta da língua, para encontrar a adequação das palavras, e ir tecendo, fio a fio, como artesã com agulha e linha.

Percebo no seguir, que se procuro sair deste esdrúxulo emaranhado, querendo recheá-lo com verdades expostas no prato seco dos condicionamentos, começo ouvir ruídos do movimentar pesaroso das palavras, desacelerando a engrenagem que forma, e a soberana intuição ameaça desaparecer, que foi feita para fluir imperiosa de cima para baixo.

Quando sinaliza o finalizar da obra no interior, pressinto que o espetáculo será encerrado, palavras e sentido começam minguar, desacelera o ritmo que vinha, como orquestra no auge da apresentação, que parte para o movimento final. Começo ouvir e sentir o tom “stacatto”, “rallentando”, e fim.

Fica "Eu" e o palco iluminado, nada mais. Até quê!?

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 04/01/2017
Código do texto: T5872100
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