Vinho e Acordes

Compõe o compositor, cantando poema de amor. De dor, de esperança ou de graça, compõe um poema que passa. Merlot de aroma suave, nos goles que já sem sabor, compõe o compositor.

Bebe vinho e entoa canção. Solitário. Descreve um alegre cenário, nos entalhes frios da janela, vê além da vidraça e escreve o acorde que soa, a lembrança que voa, sua alma à toa... Ah! compositor! Mais um gole de uva, mais um dia de chuva.

Compõe, mas que falta de sorte! Um amor que se vai nos rabiscos do lápis, na batida da corda e foge dos braços, mas adere no peito, gruda sem piedade e se grita metade, um romance perfeito, mas só na lembrança, vai compositor! Te refaz! Cabernet, Sauvignon, Sémillon! Nada mais! E compõe sem saber que é amor. Se embriaga, sem sentir que é Shiraz.

Só compõe de vontade, sem muita verdade. Mas, não liga, sequer perde o sono . Mais um gole em sabor de abandono, e não acha o acorde.

O vinho que fala em partituras ou em gargalhadas, dissonâncias tão duras, agudas oitavas, ou baixos tão graves, sol ou fá na clave.

Vinho e acordes, que combinação! Do amor, nem se lembra... lembra sim. Numa bela canção.

Krummel
Enviado por Krummel em 02/01/2017
Código do texto: T5869913
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