Isto, Sou Eu?
O egoísmo ronda querendo me convencer de que tenho individuação, no velho argumento do “ter algo meu”. Mas aqui dentro não vejo nada além do organismo, restando de palpável este corpo que sobrevive da parceria de um conglomerado de sistemas.
O egoísmo é perigoso aqui quando aliado às emoções que me instiga vez ou outra, como nuvens sobrevoando na consciência, leva o juízo a enlouquecidas viagens. Até que dá o tempero, embriaga a alma da sensação do pertencimento passageiro, sendo de algo e este meu neste micro espetáculo melodramático que vivo em meu interior. Dona de amores, de razões, de intenções, induzindo ter saído de mim a causa de tanto... aquele abraço, Uhmmm! Com gostinho de azedo e doce.
Sinto, às vezes, depois da ressaca das atuações aventuradas no pseudo “Eu”, que agi como papagaio colorindo velhas verdades. Fiz tão somente acender a luz de um lugar que já existia.
Vivo gostos, sentidos, tendências trazidas para dentro, neste corpo que me apresenta ser o que enche e esvazia.
Venho de não sei onde, estou aqui envolvida em tantos achismos, senões e objeções...continuo sendo... continuo não vendo o núcleo.
Tamanha ironia esta minha crença de levar a sério como sendo “Eu” esta coisa pronta que sou, mesmo sabendo que necessito continuar vivendo-a como sendo para diferenciar o que é eu e o outro.
É incontestável que desde o nascimento a partida esta acionada, sou de natureza entrópica, como gelo que vai perdendo seu estado sólido quando em contato com temperatura aquém daquela exigida para sua estabilidade.
Enquanto o estado aparente da minha constituição não for dissolvido, ficarei exposta a este complexo estabelecido, continuando interagindo, sendo, fazendo, realizando.