Alma das matas



Naquela manhã de final de dezembro, o sol estava tímido, as nuvens o encobriam, as folhas secas já haviam cumprido a sua missão, os galhos secos agora estavam verdinhos novamente... Desligou-se de tudo,
A brisa lhe trazia inspiração, trazia desejos de viver, viver tão somente.

Embaixo das árvores ficou à ouvir o alvoroço dos pássaros, achava incrível como sendo no meio de asfaltos, buzinas, tanta gente por ali passando, pudesse ainda assim existir um bando de pássaros de várias espécies fazendo morada como se estivessem na selva, e cantavam ainda mais intensamente depois daquela manhã de chuva...

Aquilo fazia com que os seus pensamentos lhe retirassem da sua monotonia, assim passava alguns instantes distante do chão, viajava querendo reviver o contato com a natureza, como gostava da sua alma das matas.

Com um olhar perdido na grama bem cuidada, lembrou do trem rasgando o espaço, sentiu falta de escutar o galo cantando de madrugada, sentiu falta do cheiro do café forte, torrado no velho tacho, das conversas banais, das casas sem muros confundindo-se os quintais.

Gostava dos matos, quando ficava na casa tão antiga, cercada de serras, atravessando a pontezinha trabalhada com tanto amor, feita pelo seu pai, queria mais uma vez ver a água transparente do riacho passando por baixo da ponte, ah que saudade deles todos que se foram, saudade das prosas do meu avô. Restou esse bálsamo guardado em minha memória, para aliviar a minha alma, lembranças de infância, só de pensar, já me acalma, amo o céu e a terra,
O que faço com essa ansiedade de chegar...
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 27/12/2016
Reeditado em 13/09/2017
Código do texto: T5864574
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