A MORTE DE TODOS OS DIAS

1-

Assombra-me a rotina de todos os dias, essa mesma correria sem sentido, absurdamente surreal; é um hábito tão vão quanto viver acorrentado nas mais ferozes ilusões de nosso tempo!... Tanta frieza sendo disseminada, como também essa onda nociva de apatia no seio de nossa sociedade de massas, faz dos seus ‘’cidadãos’’ pessoas cada vez mais resignadas e empobrecidas, da mesma forma que querem que todos nós um dia sejamos: pois tal como essas pessoas, seres humanos totalmente desprovidos de ideais, liberdade e esperança; apenas e tão somente‘’bons’’ cumpridores de uma exigência que nada edifica!

Assombra-me o barulho de todas as metrópoles e das cidades grandes, infernais ruídos perdidos numa atmosfera sufocante e sem vida... A morte avança, e a cada dia que passa poucos são os que querem se responsabilizar pelas suas próprias ações e pela vida de seus semelhantes. Apenas uma vontade descontroladamente irrefletida, além de uma inquietação angustiante, predominam na vida de uma população incrédula e sem verdade.

Assombra-me haver tanta ciência espalhada pelos quatros cantos da terra, juntamente com tantas culturas a fomentarem tamanha sofisticação tecnológica e, no entanto, haver um espectro de morte na convivência cotidiana; sendo assim, até que ponto o abismo nas relações humanas (desprovidas de laços afetivos mais duradouros e consistentes) irá se estender?

Assombra-me a futilidade que invadiu a vida em sociedade, de tal modo que a vida em si perdeu seu valor e dignidade... Pois quantos assassinatos em nome de absolutamente nada! A banalidade das ações dos homens emergem descaradamente, são absolutamente encaradas como se fossem sadias e repletas de razão...Os que se revoltam, aparentemente nunca tem nada a dizer, ficam em silêncio sem ter quem os ouça. mas apenas os que se conformam com tamanha brutalidade generalizada são aceitos socialmente...

Assombra-me tantas ilusões e as meias-verdades remendadas com o resquício das falácias mais imundas, constantemente sendo propagadas pela ciência, pelas falsas doutrinas e pelos meios de controle ideológico da massa, todos eles a serviço do embrutecimento do espírito para o fenômeno da imbecilização coletivamente instaurada.

E, por fim, assombra-me a ausência de sinceridade na vida de inúmeros ''religiosos' que professam o nome de Deus e de Jesus Cristo, porquanto sujaram suas almas com o lodo da hipocrisia mais hedionda. Nada pode ser mais deprimente e desumano do que ensinar a verdade com o coração impregnado de amargura; e, o que é pior, se dizer mensageiro da virtude de Deus com a alma envenenada por uma orgia de sentimentos ambivalentes e destrutivos.

2-

Mas bem-aventurados aqueles que não deixaram morrer o senso de justiça de suas almas e nem o brilho de esperança de seus rostos! Também bem aventurados são os que ainda são dotados da capacidade de se indignar e de ficar inconformado com tamanha desumanidade que infestou a vida em sociedade!

A morte pode assombrar as almas de grande sinceridade e sensibilidade, mas pior do que isso é viver sem ter consciência de sua própria condição, ou ainda, viver absurdamente desprovido de uma esperança que alimenta a busca de um sentido mais autêntico para o fato de existirmos no mundo.

E apesar de existirem homens que gritam quando aparentemente estão em silêncio, não deixaram por completo morrer a honestidade e a integridade , pois há no íntimo dos que clamam e gritam nesse deserto, uma sede impetuosa que anseia pela libertação de suas almas, libertação das injustiças e dos condicionamentos sociais que perduram no caos das relações humanas inautênticas.

Todas as assombrações a desfilarem suas sombas mais insanas em todas as direções nunca terão força para derrotarem os genuínos filhos de Deus,pois foram guiados pela verdade trazida pelos ensinamentos de Cristo, embora reconheçam que a morte ronda as almas de todos os que não creem. Sendo assim, todos os vales da sombra da morte não serão suficientes para cegar aqueles que existencialmente, no seu íntimo mais abissal, vivem o amor de Deus; são conscientes de que um dia triunfarão sobre a própria morte conforme as trevas do mundo forem sendo dissipadas e destroçadas para sempre.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 25/12/2016
Reeditado em 25/12/2016
Código do texto: T5863066
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