Parado sobre a inspiração

Vou parar de fazer poema, porque não sei brincar com palavras.

Nem consigo montar emoções e cavalgar consoantes com vogais.

Não quero rimas, porque delas nada fascina. Eu não sei sentir a

sutileza da inspiração; tão somente sei pensar para mim.

Vou parar de fazer poemas, porque deles eu só levo o digitar.

Já fiz livros desmontados, páginas que se viram, só com o sopro de um vento a noite, que adentra a janela de meu quarto.

Eu vejo cortinas balançando; dançam no ritmo que são empurradas.

Não sei medir felicidade, nem tristeza. Nem sei sentir saudade.

Perdi a inspiração que achei que tinha.

Era ilusão, como tudo na vida o é.

Não quero mais saber de poemas ou dissertações,

porque cansei de jogar palavras ao chão. Prefiro folhas secas nos parques.

Não sei mentir para mim mesmo, apesar de ter feito isso tantas vezes.

Não consigo falar de horizontes e nem de sentimentos. Na verdade eu nunca entendi sentimentos e por horas eu apenas olhei horizontes.

Contemplação de estrelas, eu consigo tocá-las, não preciso mais escrevê-las.

Não quero fazer poema, porque nada de lúdico, nada de sádico,

nada demais para se fazer recitar versos, se sei falar comumente

e em nenhum momento eu quis recitar, nem cantar. Eu só fiz o que sugeria o instante em que me jogava a frente na esperança de buscar beleza. Eu também nunca quis perfeição.

Vou parar de fazer poema. Talvez eu nunca tenha feito...

Takinho
Enviado por Takinho em 22/12/2016
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T5860469
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