[Espectros da minha Casinfância]
No silêncio das sombras do entardecer,
aquela luz fraca no pendente solitário
mal chegava para clarear a sala.
Na janela tosca, havia trapos de tecido
enfiados nas frestas para tentar cortar
a friagem trazida pelos ventos de agosto.
O tempo, na extensa Avenida Minas Gerais,
era apenas a espera infinita dos dias melhores
que viriam na passagem das águas, ou no uivo os ventos.
Um tempo, eu, feliz, habitei aquela minha casinfância;
mas então, eu não sabia que ficariam, para sempre,
espectros daquela casa a me a povoar a memória.
_____________________
[Desterro, 28 de janeiro de 2016]