João Barbeiro e Zé Bigode
João Barbeiro e Zé Bigode eram amigos já de muito tempo.
Viviam numa pequena cidade do interior,dessas em que o sossego é marca registrada.
Pois João fora há tempos barbeiro na região,além de fazer outros pequenos serviços em parceria com Zé Bigode.Amigos de copo,de viola,de conversa fiada e outras folganças.Muitas e muitas vezes cantavam no Bar do Alfredo,ponto de encontro do apreciadores da caninha e cantoria.
Por razões pessoais,Zé Bigode um dia anunciou ao amigo que iria partir.E partiu!
João Barbeiro ainda meio perdido sem o velho companheiro,tratou de seguir a vida,entre um corte e outro de barba na sua pequena barbearia.
Mas ainda bom frequentador do bar,cantava em companhia dos habituais bebedores totalmente fora de afinação por razões óbvias.
E o tempo foi se alongando...Alguns anos se passaram e João Barbeiro na mesma rotina.
Eis que um dia,estava João no boteco numa cantoria animada e nem percebeu quando entrou um camarada,que sem olhar para os presentes dirigiu-se ao balcão e pediu um trago.Foi quando prestando mais atenção,reconheceu que aquela voz lhe era familiar.
Aproximou-se do grupo e bradou:
-- João!
João virou-se e reconheceu de imediato o forasteiro.
_Ora,mas é o Zé!
E festejaram muito aquele reencontro depois de tantos anos.
Não demorou muito para que alguém pusesse nas mãos do Zé uma viola,que afinando deu os primeiros acordes.
João Barbeiro sugeriu ao Zé que fizessem um "desafio"! Pronto,estava aceito.
João deu a saída:
"Vejam só ,como é que pode
Nunca vi alguém tão feio
Parecido com um bode
É o tal de Zé Bigode"!
Zé replicou:
"Eu sou feio mas verdadeiro
Encaro tudo de frente
Não sou como certo Barbeiro
Que diz ser tão valente"!
E João respondeu:
"Eu te digo meu camarada
Aqui o medo não passa
Entro na mata sem nada
Para enfrentar onça pintada!
O Zé não se intimidou:
" Pois te digo João Barbeiro
Corre da onça pintada
Se quiser ela te arrasta
Vai correr o dia inteiro
Do teu bafo de cachaça"!
E João já meio descontente ,reagiu!
"Fica tu com tua coragem
Fico eu com o meu bafo
Mas deixemos de bobagem
E me de um forte abraço"!
"E o Zé para terminar:
" Meu amigo se acomode
Nesta tua provocação
Pelos fios de meu bigode
Eu te dou toda razão"!
E tudo acabou em risos,abraços e mais uns tragos ,engordando o caixa do Alfredo!
Leda Mara G. Oliveira