a propósito
a guisa da desculpa é pura elucubração falar de coisas
que não se entende
que ainda não se cabe
vê se me compreende
às vezes sou mestre nisso, mas pouco importa o que quero é expressar-me
um cabide em nu e em pé, por exemplo, é uma obra introdutória
como é o presente sem roupas e sem vestes ainda por ser coberto
o que sei sobre a historia moral contemporânea?
uma história de híbridos – transitoriedade – efemeridade, tudo estar por ser
o que é previsível são as funções fisiológicas
e o frescor da boca depois de escovado os dentes
o miar dos gatos, os regatos as flores, o bicho de pé,
quem se arrisca a falar ou a prevê o quê
apenas constatar que tudo acontece ao mesmo tempo
não sofisme com meias é verdade meu caro
a poesia não brota como os brotos de feijão
o coração sente mais do que os olhos veem? é porque ele está protegido pela caixa torácicas e pela carne e o olho apenas por um alvéolo ósseo e sentir é está protegido é ter tempo de experimentar as sensações – o olho não descansa vive a piscar
a forma mais simples e original de ser
é inventar--se espantar-se como antes
há poesia nas folhas soltas da escrituração mercantil
o material da expressão é eficiente em todos os veículos
esqueça a utilidade prática das palavras
escreva cartas imaginárias ao papa, aos reis, aos presidentes de províncias, aos magistratus de coisas nenhuma, aos inimigos da hora e aos amigos de hora nenhuma;
quer concisão lê mapas de terras longíquas
a propósito vejo-me a toda hora em monólogos interiores dramáticos
ouço vozes, quem cataloga o meu transtorno?
estava a pensar queria aprender a fazer versos como Rimbaud primal, preciso,
e misteriosos.
tenho gosto pelos seus poemas e tenho respeito pela sua figura de
olhar distante e melancólico
que despresou o sucesso, o ambiente refinado da França e se esqueceu na África
"Eu é outro"
após a poesia da palavra a poesia da ação!
"Je ne pense plus à ça!"
"on me pense"
queria um dia escrever um bom poema lírico e dizer tudo aquilo que ainda não disseram quem não queria?
qual o sumário de consciência dos séculos?
a arte da construção já erigiu muitos sonhos
com precisão e cálculo
o terrível é que minha percepção se rebaixa
ao nível - comum
leio a obra de um homem cego a 70% do espectro
a minha paz está virada
estou excitado a ver pelo terceiro olho
sinto a aproximação de um terremoto, farejo o fogo
que ainda não se sente e não se cheira
tudo está a pós
verdade das coisas
diga-me uma mentira que eu a comprovarei como verdade
diga uma verdade que direi que é mentira
nas bolhas me oculto como numa trincheira
como se recolhem os gatos na hora da morte
para ninguém ver;
a guisa da desculpa é pura elucubração falar de coisas
que não se entende
que ainda não se cabe
vê se me compreende
às vezes sou mestre nisso, mas pouco importa o que quero é expressar-me
um cabide em nu e em pé, por exemplo, é uma obra introdutória
como é o presente sem roupas e sem vestes ainda por ser coberto
o que sei sobre a historia moral contemporânea?
uma história de híbridos – transitoriedade – efemeridade, tudo estar por ser
o que é previsível são as funções fisiológicas
e o frescor da boca depois de escovado os dentes
o miar dos gatos, os regatos as flores, o bicho de pé,
quem se arrisca a falar ou a prevê o quê
apenas constatar que tudo acontece ao mesmo tempo
não sofisme com meias é verdade meu caro
a poesia não brota como os brotos de feijão
o coração sente mais do que os olhos veem? é porque ele está protegido pela caixa torácicas e pela carne e o olho apenas por um alvéolo ósseo e sentir é está protegido é ter tempo de experimentar as sensações – o olho não descansa vive a piscar
a forma mais simples e original de ser
é inventar--se espantar-se como antes
há poesia nas folhas soltas da escrituração mercantil
o material da expressão é eficiente em todos os veículos
esqueça a utilidade prática das palavras
escreva cartas imaginárias ao papa, aos reis, aos presidentes de províncias, aos magistratus de coisas nenhuma, aos inimigos da hora e aos amigos de hora nenhuma;
quer concisão lê mapas de terras longíquas
a propósito vejo-me a toda hora em monólogos interiores dramáticos
ouço vozes, quem cataloga o meu transtorno?
estava a pensar queria aprender a fazer versos como Rimbaud primal, preciso,
e misteriosos.
tenho gosto pelos seus poemas e tenho respeito pela sua figura de
olhar distante e melancólico
que despresou o sucesso, o ambiente refinado da França e se esqueceu na África
"Eu é outro"
após a poesia da palavra a poesia da ação!
"Je ne pense plus à ça!"
"on me pense"
queria um dia escrever um bom poema lírico e dizer tudo aquilo que ainda não disseram quem não queria?
qual o sumário de consciência dos séculos?
a arte da construção já erigiu muitos sonhos
com precisão e cálculo
o terrível é que minha percepção se rebaixa
ao nível - comum
leio a obra de um homem cego a 70% do espectro
a minha paz está virada
estou excitado a ver pelo terceiro olho
sinto a aproximação de um terremoto, farejo o fogo
que ainda não se sente e não se cheira
tudo está a pós
verdade das coisas
diga-me uma mentira que eu a comprovarei como verdade
diga uma verdade que direi que é mentira
nas bolhas me oculto como numa trincheira
como se recolhem os gatos na hora da morte
para ninguém ver;