Era pra ser uma crônica
Novamente os homens choram caudalosos ao pé das horas.
Choram o menino assassinado,
a menina violentada pelo menino morto.
Tudo se repete todo dia: a monotonia dos jornais, as perguntas dos repórteres;
É a mesma recapitulação diária, infindável,
aparentemente é o que se nota.
Novamente o sequestro, o homicídio e do alto do prédio, precipita-se uma vida.
O asfalto a segura e solidamente a esmaga, sem nenhum ressentimento.
Os salva-vidas chegaram e salvaram o chão, limpando-lhe o sangue;
e ao que parece não tiveram compaixão e
viraram manchete ao lado do corpo.
Novamente os olhos choram e estão vermelhos como a chama a incendiar cigarros,
e os lábios úmidos, como o álcool depositado no copo, embriagando o corpo, criando a briga, fazendo a noite trágica.
Vêm os policiais, os repórteres, o noticiário...
E amanhã: olhos chorando sobre olhos dormindo.