Era pra ser uma crônica

Novamente os homens choram caudalosos ao pé das horas.

Choram o menino assassinado,

a menina violentada pelo menino morto.

Tudo se repete todo dia: a monotonia dos jornais, as perguntas dos repórteres;

É a mesma recapitulação diária, infindável,

aparentemente é o que se nota.

Novamente o sequestro, o homicídio e do alto do prédio, precipita-se uma vida.

O asfalto a segura e solidamente a esmaga, sem nenhum ressentimento.

Os salva-vidas chegaram e salvaram o chão, limpando-lhe o sangue;

e ao que parece não tiveram compaixão e

viraram manchete ao lado do corpo.

Novamente os olhos choram e estão vermelhos como a chama a incendiar cigarros,

e os lábios úmidos, como o álcool depositado no copo, embriagando o corpo, criando a briga, fazendo a noite trágica.

Vêm os policiais, os repórteres, o noticiário...

E amanhã: olhos chorando sobre olhos dormindo.

Takinho
Enviado por Takinho em 14/12/2016
Código do texto: T5852970
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.