O ABRAÇO
Um abraço é muito mais do que um encontro de Corpos.
É um encontro de universos.
É estar com alguém estando com si próprio,
Como se fossem fragmentos um do outro,
Que naquele momento único, mesmo que pareça
Pequeno, não sabem onde terminam
Nem onde começam.
Um abraço é um fluxo de personalidades
E sentimentos, em que se misturam valores
E desejos.
Quando duas pessoas se gostam
São como uma rua de mão dupla:
Têm sentidos contrários, mão e contramão,
Mas estão sempre juntas, lado a lado.
No entanto, quando elas se abraçam, tudo
Deixa de ter sentido. Não há mais direção,
Mão, contramão.
O espaço se perde nos braços de um
Tempo que não existe e o que acontece é o mais Delicioso caos!
Num abraço, aquelas pessoas que eram ruas
Tornam-se praças... sem pistas, sem lado-a-lado.
São, agora, um enorme círculo no qual tudo pode acontecer.
Não são apenas pessoas na praça; são
A própria praça: pessoas, brinquedos, árvores, Pássaros, tudo...
Um abraço é um mundo mágico, mais eterno
Do que toda uma vida.
Braços diferentes, envolvendo um mesmo coração
E um único desejo.
É um vôo em direção ao que há de essencial
Na vida humana.
É um impulso a um mundo além do mundo
No próprio mundo.
Voe no abraço de alguém que, naquele instante,
Também é você.
E não pode ser outro, não pode ser apenas outra pessoa,
Porque se for não será um abraço, será uma mera
Colisão de corpos, onde as ruas nunca serão praças,
Onde pessoas nunca serão universos,
Onde a eternidade nunca acontecerá e o
Tempo será sempre o mesmo:
Parado e finito...