diálogos que jamais irão acontecer

     "Então. Tudo bem?"
     "Sabe. . . Eu odeio essa pergunta."
     "Ué? Mas por quê?"
     "Porque ela não é tão interessada quanto aparenta ser. E com isso eu posso te dar dois tipos de respostas: uma boa e uma honesta."
     "Ah. . . Entendi. . ."
     "Pois é. Com isso, qual vai ser?"
     "Você pode me dar a boa, se quiser."
     "A boa seria: sim, tô bem, tô legal, tô suave. E ela é geralmente uma mentira, apenas pra provar que não somos tão amigos assim ao ponto de te dar a resposta sincera, ou pra você notar em minha voz que eu estou o contrário, porque ninguém nunca está cem por cento bem. Aquela coisa que chamam de indiferença, sabe?"
     "Sei. . . E a honesta?
     "O que tem ela?"
     "Qual seria?"
     "Então. . . Eu estou bem. De verdade, eu estou bem. . . Estou bem. E enojado com minha vida. Apesar disso sigo feliz. Ou pelo menos acho que estou, pois chega um ponto que agir com indiferença para a própria indiferença do mundo chega a cansar, se é que você me entende. Há muito amor mal depositado, muita importância má administrada. Na verdade, acredito que fui posto no proscênio dessa peça que é a minha vida."
     "E que peça seria?"
     "Uma adaptação de A Divina Comédia, de Dante. Só que atualmente ainda estou no Inferno." seus olhos refletiram confusão, só que a este ponto já estou pouco me fodendo para os pensamentos alheios.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 10/12/2016
Reeditado em 11/08/2017
Código do texto: T5849441
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.