Medo

- Sobre significados ou sobre insignificância:

Sabe aquele dia do tempo que nos resta para viver?

Quando descobrimos que já não temos tempo para ter tempo, quando nos olhamos, como somos, e descobrimos que não somos mais, quando percebemos que deixamos ser tanta coisa...

Não somos mais bonitas, nem somos interessantes, já não temos novidade alguma, nossos assuntos ja deixaram de ser pauta...

Sabe aquele dia do tempo que ainda temos, mas que não somos mais?

Nesse dia, constatamos o quanto vivemos embrutecidas com um suposto valor que jamais tivemos e nem vamos ter.

A verdade é que não existe argumentação para a inutilidade! Ninguém é útil a vida toda!

Já me tornei inútil! Já fiquei feia para teus olhos! Já não consigo gerar reflexões que me presenteiem com tuas interlocuções!

Quando se perde a utilidade, deve imperar o significado!

Repito: "Quando se perde a utilidade, deve imperar o significado"!

Eu não sirvo para mais nada!

Meu maior medo é não ter aproveitado o curto tempo em que fui útil para me fazer significante em suas memórias emocionais.

O teu raciocínio relativo, filosófico, incomum, misturado com a tua emoção grave, rude, frágil, talvez tente me resgatar da inutilidade concedendo-me significado! Talvez...

Mas eu não acredito mais em mim! Fui me emburrecendo e me emburreci até deixar de ser "apetitosa".

Eu só queria ter um pouco mais de tempo para ter tempo de escolher você, antes de ter escolhido tudo o que não escolhi, mas escolheram pra mim!

Diante dos meus limites e da incapacidade que tenho de te ser útil, eu nem preciso ser bonita, mas queria significar!

Eu só queria significar!

Eu só queria significar!

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 09/12/2016
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