poema 2
dos cansaços, dou agrado em forma de sono
e trapo
meus cansaços são de quê... mal sei.
do tempo que me faz escopo e martelo,
torno e pá trabalhando o ser de ser eu tão
dura de pedra
de ser eu tão dura na queda
de queda em quebra
me limo no limbo de era em era
pudera! o tempo é campo de plantação, cultivo e
trato.
à dor não me prendo, senão para o tento de soltar-me em
eterna confusão de cerzir o cordão que sufoca.
dou-me como uma fumaça lançada da boca de hades
da boca dos anjos
da boca da terra em vômito me dou ácido
indigesto paladar de palavra crua dura supra real.
difícil de engolir
tragar-me então!
esse enxofre feito pimenta nos olhos
bomba de efeito voraz feroz
não me resguardo nem parindo
e sendo puta a vida tudo o que se pode extrair
é esse sêmen amargo, como um gole de ti e de mim
sem nem um embaraço que a vida
é corte umbilical!
Rio de Janeiro, primavera de 2016.
Alessandra Espinola