FELIZ NATAL, DONA DOLORES !
Já não vive da caridade de estranhos, graças à minguada pensão assistencial.
Ainda jovem, perdeu dois irmãos no naufrágio de um navio carregado de “heróis”.
Lutariam na Segunda Guerra Mundial por uma causa que ambos desconheciam.
Meses depois, pai e mãe morrem de tristeza: “causa-mortis” comum nas guerras.
Sozinha, mesmo sem nada saber fazer, buscou algum trabalho noutras plagas.
De linhagem desconhecida, tudo lhe era negado: crédito, moradia, pão e água.
Carente de tudo, isolada socialmente, bem-apessoada "felizmente", prostituiu-se.
Inexperiente mulher da vida, ganhou um filhinho de paternidade desconhecida.
À noite, filho a dormir sozinho em casa, cumpria na rua o aviltante expediente.
Ano Novo, réveillon no cabaré, presença assídua nos últimos três finais de ano.
Pipocar de fogos de artifício, instinto maternal move-a de volta pra ver o filho.
Vê o barraco vazio, a janela sem escora, e seu grito de dor se escuta lá fora.
Ainda na madrugada, faz busca desesperada por toda a vizinhança: vã correria.
Enlouquecida, trocou a profissão pela de pedinte nas cidades circunvizinhas.
Se não tinha fotos do filho - tampouco o havia registrado -, debalde procurá-lo !...
Perdeu a luta contra o tempo, já carcomida e à toa, na periferia de João Pessoa.
Lá, um morador de rua, que a admirava, repartia com ela alimentos que encontrava.
Um dia na praça, afinal, uma alma caridosa a ele ofereceu bela Cesta de Natal.
De pronto, divide-a com a velhinha amiga, a quem confessa sua origem obscura...
E, na saudação da ceia:
- Feliz Natal, dona Dolores!
- Feliz Natal, MEU FILHO!...
Já não vive da caridade de estranhos, graças à minguada pensão assistencial.
Ainda jovem, perdeu dois irmãos no naufrágio de um navio carregado de “heróis”.
Lutariam na Segunda Guerra Mundial por uma causa que ambos desconheciam.
Meses depois, pai e mãe morrem de tristeza: “causa-mortis” comum nas guerras.
Sozinha, mesmo sem nada saber fazer, buscou algum trabalho noutras plagas.
De linhagem desconhecida, tudo lhe era negado: crédito, moradia, pão e água.
Carente de tudo, isolada socialmente, bem-apessoada "felizmente", prostituiu-se.
Inexperiente mulher da vida, ganhou um filhinho de paternidade desconhecida.
À noite, filho a dormir sozinho em casa, cumpria na rua o aviltante expediente.
Ano Novo, réveillon no cabaré, presença assídua nos últimos três finais de ano.
Pipocar de fogos de artifício, instinto maternal move-a de volta pra ver o filho.
Vê o barraco vazio, a janela sem escora, e seu grito de dor se escuta lá fora.
Ainda na madrugada, faz busca desesperada por toda a vizinhança: vã correria.
Enlouquecida, trocou a profissão pela de pedinte nas cidades circunvizinhas.
Se não tinha fotos do filho - tampouco o havia registrado -, debalde procurá-lo !...
Perdeu a luta contra o tempo, já carcomida e à toa, na periferia de João Pessoa.
Lá, um morador de rua, que a admirava, repartia com ela alimentos que encontrava.
Um dia na praça, afinal, uma alma caridosa a ele ofereceu bela Cesta de Natal.
De pronto, divide-a com a velhinha amiga, a quem confessa sua origem obscura...
E, na saudação da ceia:
- Feliz Natal, dona Dolores!
- Feliz Natal, MEU FILHO!...