Balanço da Vida
Dia desses estava passando por um lugar bem conhecido meu, de longe vi uma pequena garota brincando em um balanço sozinha. Não havia ninguém ali para empurrá-la, então, aos poucos, ela foi parando. Aparentemente cansada, abaixou seu olhar para o chão e o observou por um longo tempo. Senti uma vontade imensa de ir até ela e chamá-la para brincar, mas não era algo que eu estava acostumada a fazer. Hesitei e fui me sentar em um banco próximo a ela, estava curiosa sobre aquela figura. Ela não se levantou do balanço, tampouco seus olhos desviaram do chão. Depois de um bom tempo a observando, fiquei mais confortável e fui até ela. Perguntei sobre seus pais, seu nome e a idade. Ela não estava interessada em perguntas, só queria mesmo que eu a empurrasse. Então, assim o fiz. A empurrei o mais alto que eu achava que devia empurrar uma criança. Ela parecia estar se divertindo e eu estava também. Fui me animando gradativamente enquanto ela sorria e ria para o vento que batia em seu rosto. Ela parou de repente, me pediu para tomar seu lugar e disse que me empurraria bem alto, mais alto que eu fizera para ela. Estava um pouco receosa, mas acabei topando. Sentei no balanço e esperei até sentir o impulso em minhas costas. Mas ele não veio. Nem naquele momento e nem nos momentos seguintes. Eu estava só. Observando o chão e esperando que alguém me empurrasse.