Não somos amigos
Odeio que naturalizes as coisas
envernizando as palavras,
travestindo-as de cordialidade.
Quisestes, sofregamente, estreitar-me em teus braços,
saborear meus beijos, invadir-me as carnes.
Eu sei.
Teu corpo te denuncia para o meu.
Conversam, sem a nossa aquiescência.
Entendem-se porque, selvagens,
estão nus, em sua essência.
Essa nudez não é ausência de panos,
mas de pudores, pura tesão que liberta
de todas as construções sociais.
É preciso coragem para se olhar
e ser o que se é...
Não sei se consegues.
O que sei é que...
não somos amigos.