Despedida

Perdido estava. A mata densa ao cerco. Impedido pelas árvores, perdeu-se de vista a trilha guia. O lugar, minha atenção tirou. Estava pasmo. A grande lamparina do dia, seu esplendor evidenciava. Os braços envolventes de um forte sopro aquietava-me o espírito. Ao soar das batidas das folhas, o cântico dos pássaros, suaves coros de segunda voz. Olho para cima e a mais bela arte se apresenta ante meus olhos. Parei. Estático, admirara a paisagem no qual estava. Nem Monalisa seguraria seu sorriso ao ver tal cena. Tudo era mui belo. Tudo me encantava.

Olho para o lado e vejo uma flor. Rubra, cor de escarlate, cor do profundo liquido que nos compõe. Arrependido fiquei de não tê-la percebido antes. Ela, mesmo com a paisagem que via, se destacava. Mas, nem chegava a ser algo perante aquele lugar. O todo perdeu seu valor, meu encanto se sobrepujou enquanto a admirava. Se destacou, em meio ao rochedo, como um diamante recém encontrado. Pequena era, mas foi a paisagem que diminuiu, que se curvou perante sua gradeza. Então, aproximo-me. Em suas sedosas pétalas estendo minha mão e a toco. Nisso, sua pequenez a abandona. Em um pouco menor que eu, interrompe seu retesar. Fito meus olhos nela. Sinto seu doce e sutil aroma de jasmim. Uma forma repentina se mostra de seu talo

Brilho, vento, clarão...

Uma mulher surge, mas os traços da rosa persistem em suas formas. Era bela, nunca tinha visto uma filha de Eva assim.

Sua tez lembrou o céu noturno sem distrações, limpo. Com as estrelas brilhantes que embelezavam seu interior. Assim, Van Gogh viu sua mais bela obra ser superada. Magnífica! Gritou minh'alma.

Segurei-a, próximo de seu punho, sua pele macia, podia sentir

Não se perdeu seu aroma, mais vivo e alucinante estava

A eternidade bate à porta, extinguido foi a incerteza dos dias vindouros. Tinha convicção que a felicidade sempre estaria ao meu lado. Mas, antes mesmo que meu sonho pudesse sair do surreal. Antes que pudessem se concretizar, algo mudou.

A forma rapidamente se desfez. A doce Afrodite se foi.

Para minha mão que a segurava, mirei.

Sua textura agora são pétalas, sua forma sem pressa se dissipa

Elas, como a pura neve desce à vista de minha face. O mais belo monumento desaparece, Shah Jahan não consegue conter suas lágrimas. Pasmo estava, sem poder acreditar no sucedido. Senti que não mais a veria, percebi que foi apenas um momento, um instante. Um breve paraíso que Deus me permitiu enxergar. Se baqueou, então, meu coração, a saudade tomou conta de mim. Mas ela se foi, o tempo desconhece o retrocesso, desconhece o passado. Só o que me resta é guardar em minha memória a sua imagem, a figura que ficará em minha mente, a lembrança da felicidade que me trouxera. Só o que me resta agora é me despedir. Adeus minha bela princesa, adeus...

Samuel Azevedo
Enviado por Samuel Azevedo em 27/11/2016
Código do texto: T5836048
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