Disfarce

Distrai os outros com seu sorriso. Vira a mesa para manter inalteradas as condições que sempre escolheu quando volta os olhos para dentro, tudo quieto.

Fazer mais! Se fizer é para encher linguiça. Queria que não fossem necessárias suas mãos para fazer, coser a rotina nos dias. Admira o preguiçoso. Que até para isso despende força para esquivar das obrigações, manter a face sisuda, mesmo sabendo que não é por aí.

Vive do funcionamento do organismo no corpo, e só, rotina, suspira sem poder agir, encontrando salvação quando encontra no coração o calor do amor a tudo sem origem, que chegou e fez morada.

Atada de mãos e pés, olha do alto da “Torre de Babel” os tubarões cumprindo com suas mandíbulas a carnificina. Salmões são os preferidos. Da água cristalina que era para ser paraíso, estampa o trabalho; “cavucam”até encontrar a presa, parecem andar sobre dois pés, vez ou outra ejetam seus pesados corpos das profundezas das águas, saltando, indo até o mundo dos homens, e ali do alto, onde a vida acontece, osculam, dialogam com alguns, como se nada tivessem feito. Sem culpa ou arrependimento.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 26/11/2016
Código do texto: T5835766
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