tamanha foi a felicidade em encontrá-la

     Tive que abraçá-la quando a vi. Estava cheirosa, foi a primeira coisa que notei, sem espanto algum, com toda a normalidade que eu encenava esse encontro em meus dias mais felizes. Seus olhos brilhavam. Pergunto-me agora se era de felicidade ou se eu quem estava reparando demais nas coisas. Capaz que fosse fruto de minha própria imaginação. Mas não importa, somente o valor daquele abraço que a dei. E me foi libertador. Senti coisas que não sabia que eram possíveis, e outras que achava ter perdido no grande oceano que nadei até finalmente aquele dia. Seus braços, longos e claros, ficaram ao ar, sem me tocar por alguns segundos. Acho que a assustei. Essa é uma possibilidade, quem sabe até boba por se passar em minha mente. Fazia anos que eu desejava aquilo. Tocá-la, senti-la, como sonhava em fazer todos os dias, quando o mundo me permitia. E quando ela me tocou eu tive a paz dentro de mim. Uma calma que se apossou de minha alma. Depois ela passou uma de suas mãos por minha cabeça, e sussurrou ternamente em meus ouvidos.
     "Agora vai ficar tudo bem."
Eu finalmente chorei. Depois de anos de lágrimas presas. Depois de anos de gritos no travesseiro. Depois de anos fantasiando que a água do chuveiro que escorria por minha cabeça era aquela que implorava para molhar minhas bochechas.
     "Não chore, meu amor. Agora vai ficar tudo bem," ela repetiu. E eu só chorei em seus braços.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 26/11/2016
Reeditado em 26/11/2016
Código do texto: T5835754
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.