Só
Hoje quantas vozes, quantas multidões!
Tudo envolvente demais no dia a dia.
Todas as bocas a vomitar palavras em cima de jornais e revistas,
toda mídia a delatar acidentes, traições,
todo amor à beira de um caos
e eu aqui a observar as direções.
Meninos feitos às pressas, esquecidos às pressas,
e as mães secas, sem seios, morrendo de fome;
Toda identidade ficando anônima e todas as ruas ficando velhas,
todo mundo são, conhece todo mundo sem oportunidade de sê-lo,
e eu aqui a observar as direções.
A noite mais tarde chega e com ela vem os crimes,
o amor feito às pressas, incompleto, imperfeito
e o trânsito acende os olhos
e as multidões se dispersam e vão embora;
Amanhã novamente se acumulam e talvez sejam ainda maiores,
condensadas e convulsas e eu continuo aqui, a observar as direções.