Hoje quantas vozes, quantas multidões!

Tudo envolvente demais no dia a dia.

Todas as bocas a vomitar palavras em cima de jornais e revistas,

toda mídia a delatar acidentes, traições,

todo amor à beira de um caos

e eu aqui a observar as direções.

Meninos feitos às pressas, esquecidos às pressas,

e as mães secas, sem seios, morrendo de fome;

Toda identidade ficando anônima e todas as ruas ficando velhas,

todo mundo são, conhece todo mundo sem oportunidade de sê-lo,

e eu aqui a observar as direções.

A noite mais tarde chega e com ela vem os crimes,

o amor feito às pressas, incompleto, imperfeito

e o trânsito acende os olhos

e as multidões se dispersam e vão embora;

Amanhã novamente se acumulam e talvez sejam ainda maiores,

condensadas e convulsas e eu continuo aqui, a observar as direções.

Takinho
Enviado por Takinho em 25/11/2016
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T5834347
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