O Outro
Ah, o outro... Quem é o outro? É alguém totalmente isolado da gente? É alguém tão, tão distante, que temos a certeza de que somos só nós mesmos, solitários em nossa jornada?
Os sábios sabiam bem, mas a célebre frase 'o inferno são os outros' precisa de uma atualização. "O inferno são os outros, que nos mostram o caminho de nosso inferno interior". Ponto. Não é uma ideia, é um fato. Interferem na nossa vida assim como interferimos na vida deles. Ponto, ponto, ponto. É assim mesmo, se o julgamento não é digerido antes de vir à boca, é direcionado a nós mesmos, como um feitiço em ricochete.
Paz. Mais importante do que ter razão é ter paz. Quem discorda escolhe claramente o caminho das dores, do ego que cresce mas que apanha na mesma proporção. Colocar-se no lugar do outro, mesmo que em silêncio, em segredo, é a chave para a paz, para a libertação. Sem necessidade de exteriorizar, mas ali dentro, nos pensamentos mais profundos que temos. E convenhamos, quem de nós não tem pensamentos obscuros, quem de nós não tem algo negro, do qual não nos orgulhamos?
Poxa, é chato ver a humanidade tão exteriorizada. Julgamos os outros para nos sentirmos melhor... E julgamos os outros para fugir de julgarmos a nós mesmos. Sim, podemos julgar a nós mesmos.
Julgar os outros é ego. Julgar a nós mesmos é autoflagelo.
O que resta, então?
O não julgamento, o trabalho interno, a percepção de que nosso universo interior está (e se não estiver, pode estar) em constante evolução. E que o universo do outro, também.
Não é entrega de poder. Não é humilhação. É verdade, a verdade do ser que está aqui para evoluir e, se quiser, pelo próprio exemplo, ajudar também os outros a evoluírem.
Se a nossa percepção do que somos e do que podemos ser continuar sempre igual, tudo ao nosso redor responderá a isso. Como um ímã que magnetiza, atraíremos coisas, seres, pessoas, situações para a nossa vida que condizirão com o que acreditamos.
O julgamento, fora ou dentro, destrói a possibilidade de superação, de neutralização, de equilíbrio, de clareza e de liberdade de ser e aprender e evoluir. Com amor e cuidado, o julgamento evolui para o aprimoramento, uma ferramenta para capinar os jardins internos e externos (se o dono do jardim de lá permitir, é claro, e nada de espalhar por aí, hein?).