Do bagaço à laranja

De banco de reserva a saco de estopa, fui. Lata de lixo não me deixei ir antes porque na reciclagem busquei reerguer. De estátua a mulher elástica, até de lixa grossa me submeti ser. Lixei até o osso a angústia, que como erva daninha tomava "de conta"... além da conta.

No fogo me transformava em chuva, na tempestade invocava a voz da paz, de dentro, pra dentro, na certeza que a invocada atingiria lá, acalentando o bramido do vento.

Eco, dava o retorno, apaziguando a dor.

De ciclo em reciclo rodopiei até não ter mais escolhas, fui engolida pelo pranto, chafurdei até não poder mais suportar o escuro, medonho, enfadonho. Morfei.

Do bagaço à laranja continuei sendo, vivendo,metamorfoseando.

O Oleiro e a argila..

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 21/11/2016
Código do texto: T5830015
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