labirinto
como pessoa que vive a pelejar com o léxico
tenho certo compromisso com o que digo com o que tenho por verdade
o que expresso com os termos representam apenas um pedaço daquilo que vejo e que sinto
minhas verdades, são meias verdades, às vezes são como o dorso rugoso de uma pedra,
ou são suaves como um vento alísio
as palavras são escorregadias, ambíguas,
como a mão no sabão,
a palavra certa às vezes escapole e a frase perde o significado original,
e sem querer me vejo perdido nas entrelinhas
sei que corro riscos: expressar o que sinto é estar no fio da navalha;
é dizer o que não quero ,
ou dizer o que quero dizendo o que não quero;
procuro não usar de meio termo;
se a vida foi dura comigo, as palavras também o foram - elas me marcaram como um ferro em brasa
a aridez da vida sempre foi expressa através delas;
palavras também me ofenderam, me denegriram, me feriram de morte, me inquietaram, outras até me confortaram, e outras me entristeceram, ou amedrontaram,
outras fizeram-me odiar, amar, sofrer, ter fé, esperança,
minha vida foi pautada pelas palavras que eram a mim dirigidas e expressavam o que as pessoas pensavam de mim, mas que não correspondiam a minha realidade interior,
elas não expressavam o que eu era de fato, eram distorcidas, mal ditas;
de outro lado me esforçava para compreender o mundo, mas existia uma barreira lexical que me impedia;
compreendia a ambiguidade da vida expressa em dois termos: esperança e impossibilidade
mas a duras penas aprendi e absorvi o significado de gratidão, sonho, vida, amor, rima, marina, mar, cheiro, rosa, som,
as palavras duras que me foram dirigidas magoaram, mas ao mesmo tempo serviram para que eu me conhece melhor e tivesse consciência do que realmente eu era, não para os outros, mas para mim.
uma palavra foi fundamental, parecia palavra vaga, mas não era, era a mais certira que existia, esquecimento.
assim fui esquecendo aquilo que me doía,
sei que as palavras nem sempre nomeiam com precisão as coisas e muitas vezes recorria a metafóras para tentar descrever sentimentos ambiguos;
às vezes me perdia nos labirintos das palavras e da vida,
essa coincidência me colocava num beco sem saída, me tornava uma pessoa dentro da pessoa, preso como as palavras contidas dentro das palavras
e desse labirinto não saía,
como pessoa que vive a pelejar com o léxico
tenho certo compromisso com o que digo com o que tenho por verdade
o que expresso com os termos representam apenas um pedaço daquilo que vejo e que sinto
minhas verdades, são meias verdades, às vezes são como o dorso rugoso de uma pedra,
ou são suaves como um vento alísio
as palavras são escorregadias, ambíguas,
como a mão no sabão,
a palavra certa às vezes escapole e a frase perde o significado original,
e sem querer me vejo perdido nas entrelinhas
sei que corro riscos: expressar o que sinto é estar no fio da navalha;
é dizer o que não quero ,
ou dizer o que quero dizendo o que não quero;
procuro não usar de meio termo;
se a vida foi dura comigo, as palavras também o foram - elas me marcaram como um ferro em brasa
a aridez da vida sempre foi expressa através delas;
palavras também me ofenderam, me denegriram, me feriram de morte, me inquietaram, outras até me confortaram, e outras me entristeceram, ou amedrontaram,
outras fizeram-me odiar, amar, sofrer, ter fé, esperança,
minha vida foi pautada pelas palavras que eram a mim dirigidas e expressavam o que as pessoas pensavam de mim, mas que não correspondiam a minha realidade interior,
elas não expressavam o que eu era de fato, eram distorcidas, mal ditas;
de outro lado me esforçava para compreender o mundo, mas existia uma barreira lexical que me impedia;
compreendia a ambiguidade da vida expressa em dois termos: esperança e impossibilidade
mas a duras penas aprendi e absorvi o significado de gratidão, sonho, vida, amor, rima, marina, mar, cheiro, rosa, som,
as palavras duras que me foram dirigidas magoaram, mas ao mesmo tempo serviram para que eu me conhece melhor e tivesse consciência do que realmente eu era, não para os outros, mas para mim.
uma palavra foi fundamental, parecia palavra vaga, mas não era, era a mais certira que existia, esquecimento.
assim fui esquecendo aquilo que me doía,
sei que as palavras nem sempre nomeiam com precisão as coisas e muitas vezes recorria a metafóras para tentar descrever sentimentos ambiguos;
às vezes me perdia nos labirintos das palavras e da vida,
essa coincidência me colocava num beco sem saída, me tornava uma pessoa dentro da pessoa, preso como as palavras contidas dentro das palavras
e desse labirinto não saía,