PEDALA
O menino da bicicleta
pedala, pedala...
Pelas estradas, tortas e retas
pela infância e avenida
com silencio e com festa
na rua da lavadeira
vai passando na carreira
sobe e desce as ladeiras
vai passando, vai passando
vai passando a vida inteira
idade passa, vida cresce
tem alegria e padece
com essa tal de pirambeira.
O menino da bicicleta
pedala, pedala...
Pedala em tempo e firmamento
vai sonhando, vai sonhando
e a camisa voando ao vento
um dia pensa em achar
ao rumo do pensamento
mas o menino não sabe
o que será de sua vida
por faltar conhecimento.
O menino da bicicleta
pedala, pedala...
Pedala na brincadeira
é inocente e faz besteira
sem saber, vive o momento
como se fosse a vida inteira
de manhã sedo vai ver o sol
e no crepúsculo fica risonho
o menino não tem ideia
do quanto seu mundo é medonho.
O menino da bicicleta
pedala, pedala...
E pedalando ele caiu
relou braços, relou mãos
ralou o peito sem atenção
chamuscou a esperança
tingiu de grená o amor
ai deixou de ser criança
ao conhecer a dona dor.
O menino da bicicleta
um dia caiu no chão
levantou, bateu a poeira
bateu forte o coração
inventou uma parodia...
Vou ali, mas volto já!
Eu lá... Estarei aqui
daqui eu não vou sair
o sentimento é meu lugar
e eu não vou nunca mudar.
O menino da bicicleta
pedala, pedala...
Nas subidas e descidas
com apelide e codinome
passa lago e cacimba
barriga cheia e de fome
crescendo, crescendo
com carranca...
Deixou de ser menino
ficou grande, agora é homem.
Antonio Montes