Um poema apenas
Nada na noite que dorme serena no colo dos horizontes.
Eu ando rua afora para que fale a calçada depois, de meus ecos vazios.
Caminho sem para onde e sei que vou chegar.
Nada importa tanto quando não ligamos o tanto que os outros importam.
Não faz sentido viver sem ilusões, planos e metas; e não faz sentido algum,
também viver cheio disso tudo.
Convém sempre deixar o que se sucede a cada segundo,
porque a metamorfose que temos constante demais em nós,
é nada mais do que uma simples vontade de deixar a chuva cair
quando a noite desce pálpebras no fundo do quintal...
Eu penduro varandas na saudade das redes...
Eu deito muradas na pancada do silêncio que ouço apenas o meu dedilhar
fazendo texto sem nexo, porque na verdade eu não quero perfeição.
Ninguém se faz perfeito, somente Deus o é.
Quero a clareza das palavras diretas no meu solilóquio
e quero a ávida escuridão das palavras que se fazem desnecessárias às vezes,
porque no fundo essas palavras são o que somente sugerem
e sei que as vezes falam mais do que as lindas que se fizeram em barulho,
palcos e tumultos, em homenagens e discursos.