Andarilho
Eu nada tenho, a não ser essa estrada para por meus pés e caminhar sem rumo.
Eu nada como, a não ser essa saudade e sumo.
Sumo de cascas de frutos e sumo no mundo,
caminhando meus pés feridos e secos no pó das viagens.
Eu nada temo,
a não ser essa insignificância de andar e se perder no meio dos esconderijos que eu mesmo escolho,
para me proteger dos olhos de outras pessoas.
Eu nada tremo,
a não ser esses trilhos que caminho descalço
e descanso minhas mãos, no afago simples de um ramo que vejo
e deito meus sentimentos no relento junto a eles.
Eu nada sei das distâncias, porque na verdade não existem.
Sempre estou longe demais para sabê-las
e não entendo, porque me perguntam se sei para onde vou hoje
e porque tenho esses momentos de fuga?
Sempre fujo para lugar nenhum.