A MULHER E O ILUSIONISTA

Conheci uma mulher maravilhosa. Era muito ingênua, de fácil empolgação e acreditava em tudo. Dormia comigo imaginando estar ao lado de um ser extra natural. Eu fazia lhe alguns truques de mágicas, quase sempre á noite antes dos primeiros beijos e de irmos nos deitar. Fazia aparecer lhe por entre as suas vestes, a cada peça que lhe era despida; vários anéis, brincos, gargantilhas, pulseiras e cordões de ouro e brilhantes, como também algumas miniaturas de frascos de perfumes importados ou até mesmo algumas cédulas de valores mais elevados. Tudo era mesmo um grande show. Um sonho maravilhoso e encantado. Divertíamos muito com tudo aquilo. Eu era para ela um grande fenômeno, uma espécie de sábio mágico ou quiçá, um deus fantástico jamais reconhecido antes. Outros homens ricos e poderosos já lhe haviam feito inúmeras propostas que ela sempre recusava só para se manter fiel a mim. Certa noite ela pediu-me que eu lhe ensinasse aqueles truques. Como era mesmo que eu os fazia tão perfeitamente sem que ela nunca descobrisse de onde vinham todos aqueles presentes, como se esses surgissem do nada ou se materializassem todos na palma de minhas mãos. Eu então resolvi ensinar lhe todos os meus truques. Fiz vários números de prestidigitação em movimentos bem lentos. Fiz e refiz por incansáveis vezes, as mais espantosas mágicas... Assim, no dia seguinte, quando voltei do trabalho, não mais a encontrei: perdi a mulher tão fiel e que dizia me amar sempre com grande loucura. O que elas querem? Ilusões, somente ilusões, nada mais que ilusões. Essas belas e sedutoras criaturas gostam de ilusões, gostam de serem iludidas, de mistérios, de histórias complexas e muitas vezes perigosas e fatais. A verdade seja dita, amigo... Nunca mostre a uma mulher tudo aquilo que você sabe não a deixe descobrir o que lhe vai dentro da alma. Elas gostam das ilusões e dos mistérios, pois assim com a cabeça ocupada e os pés flutuantes, nunca saberão o que temos para lhes oferecer. E com a expectativa de um novo truque ou um mistério a mais para ser desvendado; a magia ilusória da felicidade a dois poderá durar um pouco mais além do que esperávamos.

Estação do Cercado (MG), 22 de março de 2013.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 11/11/2016
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