Era
Houve um tempo que existia gente feliz.
Era tempo de ignorância. Não havia divisas; O terreno era único.
Foi então que a vida procriou-se e nasceram as demarcações.
Ergueram-se as cercas, cobriram se as peles de muros e marcas de lutas.
O mundo transformava-se e era vasculhado por mãos brutas e olhos sórdidos... O caminhar sem estradas definidas... O horizonte sem término, somente engolido pelo escuro da noite.
Surgia a inteligência, no meio do pó dormente das viagens de pés descalços. Havia amor nas cabanas e ouvia-se o choro de crianças que nasciam para as habitações nômades. Cresceriam sem ensinamentos, porque a vida ainda aprendia a ser sentida. Era a selvageria mundana, entrelaçando as relações humanas. Eram caça e presa. Eram felizes pelo descobrir solitário, pelo linguajar mímico... Pelo mundo afora...
Eram os ferozes, que lutavam com os ferozes... Que morriam sem medo da morte e sobreviviam sem o por quê da vida.
Apenas eram nas eras idas.