Um dia
Um dia, menos dia, mais dia do que noite, volvendo a madrugada em pedaços de canções,
nos vemos sentados na porta de nossa casa, olhando o jardim contando suas histórias em silêncio.
Vemos flores desabrochando devagarinho.
Logo que desabrocham começam a morrer.
Vivem apenas para um sussurrar de brisa leve.
Depois partem para o caos das pétalas perdendo a vivacidade.
O desabrochar é também o murchar.
Olhamos o céu e contemplamos estrelas, nem sabemos para quê.
Os momentos vazios nos tornam assim, voltados para o mais normal do mundo, porque na verdade,
nunca conheceremos a fundo a vida de uma estrela.
Nossa estadia em momentos vazios é pequena, porque nos sentimos assim, até que nos deem uma nova norma de vida,
ou que a criemos de forma inédita em nossa alma.
O tempo pode ser grande, mas o espaço nunca deixa de ser o mesmo, do que o de uma espera pequena,
porque quando se quer de verdade, passam as flores, as canções, as estrelas,
mas ficam as expectativas para sempre.
E o sempre compreende o que imaginamos, mas em verdade nunca o saberemos.
O momento existe e dia, menos dia, mais do que noite,volvendo a madrugada,
vamos vendo o luar sondando a terra e nada no mundo para que se invente uma nova forma de consciência,
senão, a de que já sabemos, porque somos como estrelas:
Porque nunca conheceremos a fundo a vida de uma pessoa.