pobre diabo
A tarde se esvai;
cálida indiferente e severa
o sol ainda em brasa
estava prestes a desaparecer na linha do poente
Ervas seca jaziam aos meus pés
ouvia palavras combalidas,
rostos abalados, pálidos e distantes;
Entre túmulos eu caminhava,
tudo era pranto,
velas acesas,
cheiro de rosas;
Cruzes se erguiam no topo das lápides
Olhares vagos e tristes como uma reza;
coveiros com pressa
- última prece desce o ataúde a meio palmo,
sela-se com cimento a cova rasa.
Pergunto, de que morreu esse defunto?
- Falência múltipla da vida-suicídio!
Cansado estava da vida que levava…
amores não correspondidos,
Inquieto, decepcionado, desempregado,
desesperado, vida sem sentido
seu andar era de zumbi
sua pele era amarelada
a mão tremia,
vivia recentido,
balbuciava, não falava…
andava com o rabo entre as pernas como um cão vira-lata
ferido de morte em sua dignidade
o álcool era seu único refúgio.
o meio social lhe era hostil;
o seu coração hesitava;
nos botecos onde bebia
escutava os escrachos
da voz do populacho “pé na cova”
“passaporte pro inferno”
“vá amolar o diabo”
“bêbado enjoado”
À época em que trabalhava na cana
não bebia, o trabalho era árduo
sob sol à pino,
sua vida até que era doce
em meio a fadiga da lide diária
aos poucos o pobre diabo
foi se perdendo na vida e tudo ficou amargo
Perdeu a mulher para o amigo,
um filho morreu de morte matada,
a filha de morte morrida,
danou-se a beber,
virou "pé de elefante”
contraiu cirrose hepática,
morreu num dia de má sorte
depois de engolir uma última dose
de água ardente ·.
A tarde se esvai;
cálida indiferente e severa
o sol ainda em brasa
estava prestes a desaparecer na linha do poente
Ervas seca jaziam aos meus pés
ouvia palavras combalidas,
rostos abalados, pálidos e distantes;
Entre túmulos eu caminhava,
tudo era pranto,
velas acesas,
cheiro de rosas;
Cruzes se erguiam no topo das lápides
Olhares vagos e tristes como uma reza;
coveiros com pressa
- última prece desce o ataúde a meio palmo,
sela-se com cimento a cova rasa.
Pergunto, de que morreu esse defunto?
- Falência múltipla da vida-suicídio!
Cansado estava da vida que levava…
amores não correspondidos,
Inquieto, decepcionado, desempregado,
desesperado, vida sem sentido
seu andar era de zumbi
sua pele era amarelada
a mão tremia,
vivia recentido,
balbuciava, não falava…
andava com o rabo entre as pernas como um cão vira-lata
ferido de morte em sua dignidade
o álcool era seu único refúgio.
o meio social lhe era hostil;
o seu coração hesitava;
nos botecos onde bebia
escutava os escrachos
da voz do populacho “pé na cova”
“passaporte pro inferno”
“vá amolar o diabo”
“bêbado enjoado”
À época em que trabalhava na cana
não bebia, o trabalho era árduo
sob sol à pino,
sua vida até que era doce
em meio a fadiga da lide diária
aos poucos o pobre diabo
foi se perdendo na vida e tudo ficou amargo
Perdeu a mulher para o amigo,
um filho morreu de morte matada,
a filha de morte morrida,
danou-se a beber,
virou "pé de elefante”
contraiu cirrose hepática,
morreu num dia de má sorte
depois de engolir uma última dose
de água ardente ·.